O professor suficientemente bom, das quadras para a vida: narrativas biográficas de atletas olímpicos brasileiros

Resumo

A partir das narrativas dos atletas olímpicos brasileiros, que compõe o acervo das narrativas biográficas que integram a pesquisa Memórias Olímpicas por Atletas Olímpicos Brasileiros, professores são lembrados de maneira destacada, carinhosa, com afeto e principalmente com a sua relevante importância reconhecida. Estes professores são trazidos nas narrativas de suas memórias, na sua trajetória de maneira espontânea, ou seja, diante de uma pergunta norteadora, aberta, sem sequer terem sido perguntados sobre a escola ou mesmo sobre seus professores. Este artigo tem como objetivo identificar a presença do professor na trajetória de vida dos atletas olímpicos que pode ser significativa e se assemelha a concepção winnicottiana de mãe suficientemente boa, neste caso, o professor suficientemente bom. A discussão é sobre como estes professores, que poderiam muito facilmente ser comparados a pai ou mãe, fazem parte do constructo identitário destes atletas que outrora eram alunos. Responsável também pelo desenvolvimento do self, este professor é considerado pelos seus pupilos com pleno domínio do que ensina.  O fato de também estarem diante de um momento sensível e muito significativo para ambos, o encontro entre o Mestre e o discípulo, pode marcar o início de uma trajetória. Nestes casos específicos, esta relação atravessou muros, oceanos, tempos e construiu pontes. O olhar atento de um professor e um desejo que foi despertado em seu aluno, e partem assim, ambos, para um chamado que de acordo com as narrativas destes atletas, mudaram suas vidas.